Fiéis fazem homenagem ao padre Wagner


Um ano depois do assassinato do padre Wagner Rodolfo da Silva, 35 anos, ocorrido em 25 de setembro de 2003, a Igreja Católica reúne milhares de pessoas em uma caminhada pela paz em homenagem ao sacerdote que já virou santo na fé popular.

O padre foi brutalmente assassinado em Santa Isabel depois de ser sequestrado junto com o padre Manoel Serafim de Lima, 40 anos, que ficou ferido. Dois homens foram presos e três continuam foragidos.

O sacerdote, que rezou uma Ave Maria antes de ser degolado, era um dos padres mais carismáticos da cidade.

Ele era pároco da Igreja São Benedito, no Alto da Ponte, zona norte da cidade, e ficou conhecido pelas missas sertanejas e o carinho com as crianças.

Por ironia do destino, padre Wagner se tornou ainda mais popular depois da morte trágica.

No cemitério do centro, onde foi enterrado, o túmulo é o mais visitado e recebe diariamente bilhetes de agradecimento por graças alcançadas por fiéis. As graças vão desde emprego até cura de doenças.

Para lembrar a data da morte, a igreja promove no próximo dia 25 uma caminhada da paróquia São Benedito até o cemitério, onde será rezada uma missa.

A manifestação vai sair às 8h da igreja e percorrerá 5 km até o cemitério. Os fiéis vestirão roupas brancas e caminharão ao lado de crianças e adolescentes de escolas públicas. Haverá músicas e orações durante o evento.

O padre Rogério Augusto das Neves, 37 anos, amigo de seminário e substituto na paróquia, disse que a passeata foi organizada pela Pastoral da Juventude e outros segmentos da igreja.

"Ele é lembrado em todas as nossas missas. É uma lembrança constante, acompanhada de tristeza pelo modo como morreu. Ele ainda inspira muitos jovens", afirmou.

Segundo o padre, o objetivo da caminhada, além de prestar uma homenagem ao padre, é pedir o fim da violência.

POPULARIDADE - No cemitério do centro, segundo a administração, o túmulo de padre Wagner é hoje o mais visitado, superando até o padre Rodolfo Komorek (1890-1049), que dá nome ao cemitério.

O túmulo recebe diariamente dezenas de visitantes que deixam flores, bilhetes e placas de agradecimentos por graças atingidas.

Um dos bilhetes dizia: 'Agradeço duas graças recebidas. Meus dois filhos precisavam conseguir emprego. Graças a Deus e ao senhor, padre Wagner, já estão trabalhando. Muito obrigado'.

A mãe do padre, Alaide Lessa da Silva, 59 anos, confirma a fama de 'santo' do filho. Ela disse que recebe visitas de pessoas que afirmam ter recebido graças do filho.

"Uma senhora do Alto da Ponte vivia doente, foi internada e o médico deu alta sem saber o que ela tinha. Ele fez um pedido ao padre Wagner e no mesmo dia urinou uma pedra que estava no rim", disse.

Ela afirmou que as notícias de milagres têm ajudado a superar a dor da perda. Alaide vai participar do ato pela paz.

GRAÇA - A dona-de-casa Augusta Alves Gomes, 70 anos, disse que recebeu uma graça no túmulo do padre Wagner, que visita semanalmente.

"Eu estava rezando diante o túmulo quando tive um mal-estar. Achei que ia morrer ali, quando pus a mão sobre a foto do padre Wagner. Na hora, eu fiquei bem e nunca mais senti nada", afirmou.

/Arquivo Valeparaibano.

TEXTO: José Renato Salatiel.
DATA: Domingo, 19 de Setembro de 2004.

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